Recomposição de aprendizagens no Ensino Médio já!
Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2024), divulgados em 13 de janeiro, revelam aumento na proficiência (média nacional das notas) – de 543 em 2023 para 546 em 2024) -, e aumento de 12 pontos em Linguagens e de 15 pontos em Redação. No entanto, as áreas de Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas apresentaram queda (confira no quadro abaixo) e somente 12 das mais de 4 milhões de pessoas que fizeram o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio); 2024 alcançaram nota mil na redação. Este número é 80% menor do que o registrado em 2023. Dentre os 12, apenas um é aluno da rede pública.
Fonte: Inep/MEC
Infelizmente, não há surpresas quanto ao desempenho dos alunos. As notas do Enem refletem o que e como estamos ensinando nas escolas do Brasil afora. Se antes da pandemia, os resultados do Brasil já eram ruins em avaliações externas, como o Pisa, e em avaliações internas, como o próprio Enem, depois da crise provocada pela Covid-19, eles pioraram. E mais: os estudantes vão acumulando defasagens, ano após ano, o que também os impede de aprender novas habilidades (veja o gráfico abaixo). Como destacado no relatório The Iceberg Problem, se o problema for varrido para baixo do tapete – ou seja, a escola mantém o foco exclusivo no nível da série em curso, “pode impedir alguns alunos de preencher lacunas críticas dos anos anteriores”.
Fonte: https://newclassrooms.org/icebergproblem/ Acessado em 03/06/2021
Não existem saídas milagrosas para melhorar os índices da educação. Para fazer os números crescerem, o país precisa investir num programa de recomposição das aprendizagens: conhecer o ponto de partida de cada aluno, com avaliações diagnósticas que ajudem na reorganização de conteúdos curriculares alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, depois, reorganizar o percurso da aprendizagem com um planejamento articulado de ações.
Em outras palavras, recompor é garantir o direito de aprendizagem de todos, priorizando os pontos essenciais do currículo, mas que não estão sendo conquistados pelos alunos, fazendo com que sigam na vida escolar sem saber o básico para seguir aprendendo. Vale reforçar que recompor é diferente de recuperar – neste último processo, estudantes que não desenvolveram o que se esperava deles têm a oportunidade de reaprender, retomar o que foi ensinado. Recompor tem a ver com assegurar aprendizagens essenciais com equidade.
Mundo afora, países estão investindo na recomposição e o Brasil deu um importante passo no ano passado, com o lançamento do Pacto pela Recomposição das Aprendizagens, do Ministério da Educação (MEC). A iniciativa é uma política pública construída de forma colaborativa pelo Ministério da Educação (MEC) com os entes nacionais, representados pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). O Pacto oferece apoio técnico e financeiro para estados e municípios implementarem ações e programas com foco na melhoria dos índices de aprendizagem da educação básica, por meio da estratégia de recomposição das aprendizagens dos estudantes dessa etapa de ensino.
A estrutura do Pacto, com cinco eixos articulados, foi construída com base em um processo de escura de especialistas e gestores públicos e em um estudo de experiências e de evidências científicas sobre a temática de recomposição das aprendizagens: São eles:
- Currículo – diz respeito à reorganização curricular alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
- Avaliação – ressignifica a concepção de avaliação por meio de uma plataforma para realizar ciclos de avaliações formativas ao longo do ano, que permite mapear e diagnosticar as defasagens de aprendizagem. Além disso, estabelece mapas de progressão – com base neles, os professores podem fazer uso pedagógico das devolutivas das avaliações.
- Mediações pedagógicas – possibilitam identificar práticas para apoiar os estudantes na progressão das aprendizagens.
- Formação – alinha orientações e diretrizes de formação para recomposição das aprendizagens, observando a devolutiva dos resultados das avaliações formativas.
- Materiais – compreende uma plataforma de conteúdo produzido pelas redes e repasse de recursos para impressão de materiais suplementares.
O Ensino Médio brasileiro tem muito potencial e muitas oportunidades para avançar em 2025. Além do Pacto pela Recomposição, o MEC seguirá investindo fortemente no programa Pé-de-Meia, de incentivo financeiro-educacional na modalidade de poupança, destinado a promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público. E mais: este ano tem início a implementação do novo Ensino Médio. A lei determina que os sistemas de ensino devem começar a implementação do ensino médio a partir de 2025, para os estudantes da primeira série do ensino médio. Em 2026, as regras começarão a valer também para a segunda série e, em 2027, para a terceira. Nossos jovens precisam e merecem que esses compromissos sejam cumpridos.
4 Comentários
Excelente material!!!
Material excelente, muito bem elaborado que ganha são nossos alunos que nunca tivemos visibilidade para esse público chamado ADOLESCENTE.👏🏽❤️
Informações esclarecedoras!!@
Excelente material