Quais as prioridades em 2025 para melhorar a educação brasileira?
O Brasil ainda tem desafios significativos na educação para enfrentar esse ano, embora tenhamos conseguido avanços importantes nos últimos tempos, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), a universalização do acesso à Educação Básica e o aumento do número de crianças na Educação Infantil.
ENSINO MÉDIO
Sobre essa etapa da educação básica, precisamos implementar o novo modelo, uma tarefa que tem de ser assumida com determinação pelos conselhos de educação estaduais. Cada órgão precisa definir os Itinerários Formativos a ofertar, as disciplinas para compor o novo currículo e quantas aulas cada disciplina terá. Ainda em se tratando de Ensino Médio, é necessário seguirmos atentos ao Programa Pé-de-Meia (iniciativa de incentivo financeiro-educacional do governo federal) e fazer com que ele funcione cada vez mais e melhor.
APRENDIZAGEM MATEMÁTICA
A situação do país na aprendizagem e no ensino de Matemática descortina outras questões prioritárias. Nossos estudantes são pouco proficientes na disciplina, menos ainda que em Língua Portuguesa. O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) revela que menos de 10% dos alunos da 3ª série do Ensino Médio aprendem o que é esperado no tempo adequado. Isso é explicado por uma série de fatores:
- “Autonomia ruim”: antes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a mesma escola poderia ter professores diferentes usando livros didáticos diferentes, que apresentavam conteúdos diferentes;
- Demora para começar a ensinar matemática para as crianças no Brasil;
- Ausência de políticas nacionais ou locais para matemática. A boa notícia é que o governo federal, até fevereiro, vai lançar um pacto nacional inédito pela aprendizagem da matemática, pelo direito de aprender matemática;
- Formação docente: não basta que o professor conheça as técnicas para ensinar Matemática. É preciso saber o que ensinar, como ensinar e conhecer para quem vai ensinar, porque como um adolescente aprende é muito diferente da forma como uma criança aprende.
RECOMPOSIÇÃO DAS APRENDIZAGENS
Outro desafio para a educação brasileira é a recomposição das aprendizagens, necessidade que ficou escancarada com a pandemia, mas que já era imprescindível antes, dado nosso parco desempenho revelado inclusive por avaliações internacionais. O Instituto Reúna, juntamente com o Ministério da Educação, tem discutido com secretários de educação sobre o desenho de políticas de recomposição de aprendizagens. Afinal, para melhorarmos a qualidade da educação, não basta ensinar bem para quem está começando no 1º ano do Ensino Fundamental. Precisamos olhar para quem já estava na escola anos atrás e não aprendeu como deveria ter aprendido, inclusive porque os problemas causados pela pandemia não foram solucionados – especialmente em Matemática para alunos a partir do 5º ano.
NOVO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
A respeito do Plano Nacional de Educação, que foi estendido para 2025, é bom saber que tivemos algum avanço em todas as metas, como a aprovação da BNCC, o aumento da quantidade de escolas de tempo integral, a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). No entanto, temos pela frente o desafio de fazer o novo Plano para a próxima década, repensando sua estrutura, que deveria ser mais enxuta. Ter muitas estratégias para cada meta dificulta medir o avanço em cada uma delas. No mais, temos de nos dedicar à tarefa de analisar quais metas do plano vigente devem ser mantidas e quais devem ser criadas. Sobre essas, especificamente, é importante uma que trate do aprimoramento das avaliações.
SISTEMA DE AVALIAÇÃO – Saeb
Por muito tempo, o Saeb funcionou muito bem e os dados que ofereceu para analisar o ensino e a aprendizagem foram importantes. Mas essa avaliação não está mais respondendo ao cenário atual. Não ajuda a avaliar a BNCC nem o trabalho de redes públicas que já evoluíram muito, como a do Ceará. Outro ponto é que o Saeb ainda tem uma prova focada em respostas fechadas de múltipla escolha, pautadas na Teoria da Resposta ao Item (TRI). Hoje, com mecanismos de inteligência artificial, é possível fazer uma prova com questões de fluência leitora e que faça as crianças escreverem também, já que a ferramenta ajuda a corrigir as respostas sem necessidade de contratar um número impensável de avaliadores. O país deu o primeiro passo ousado anos atrás – desenvolver e implementar seu sistema de avaliação. Mas o futuro chegou e precisamos avançar: melhorá-lo à luz dos novos tempos.
O Brasil é um país que tem enfrentado com determinação os problemas da Educação. Prova clara é o grande número de programas e políticas públicas que o MEC tem apresentado recentemente. Agora é necessário fazer com que eles contaminem positivamente as secretarias municipais e estaduais e cheguem até às escolas de modo prático.
19 Comentários
Gostei. Bem escrito, descrevendo os principais desafios da nossa educação e propondo soluções viáveis do ponto de vista dos professores. O desafio é grande, mas pode ser vencido. Duas observações: ficar alterando o sistema a cada novo governo prejudica o processo, e disciplinas com aprovação automática são contraproducentes (infelizmente nossos alunos não estão preocupados em aprender, mas em passar).
São, definitivamente, prioridades importantíssimas quando se pensa e se deseja melhorar a qualidade da educação ofertada pelo país afora. Um ponto que julgo central, é o envolvimento mais efetivo de profissionais da educação, sociedade civil e governos municipais, estaduais e federal. Avançar pressupõe um pacto e esforços coletivos neste sentido.
precisamos cada vez mais do fortalecimento do instituto Reúna, com a sua estratégia de melhoria e avanço na educação, principalmente na educação matemática, que é sempre um desafio para vencermos paradigmas e um olhar promissor para o futuro
Acredito que a melhoria da educação brasileira é um tema urgente e importante. Acredito que a questão pedagógica deve estar acompanhada também de um processo de gestão robusto que gerencie de forma eficiente a aplicação dos recurso públicos. Pesquisa a mais de 10 anos esses área e agora existe uma obrigação legal para implementação da gestão de custos vna educação, o Decreto 10.540/2020
Excelente Material!!!
Compromisso em dias melhores para a educação pública.
Gostei do artigo! Adoro acompanhar o Instituto Reúna e não sei se um número grande de programas educacionais sugerem melhorias para a educação. Muitos programas que se iniciam e não perduram, mudando a cada gestão sem sequência. Acredito que o maior desafio ainda é com a alfabetização, pois é muito triste conviver com alunos que não dominam a leitura e escrita nos anos finais do fundamental e ensino médio. Obrigada por compartilhar conosco as novas iniciativas governamentais.
É sempre bom tem uma instituição preocupa com a qualidade e o desenvolvimento da educação no Brasil.
Sim, concordo que estas avaliações Saeb devem ter ajustes e reformuladas para que possam atingir mais alunos e que possa valorizar o potencial dos mesmos.Sou supervisora Escolar no momento, mas atuei no cargo de professor por 33 anos.Como especialista estou há 22 anos.Tenho acompanhado muitas transformações possíveis de serem feitas, ajustes necessários, regionalidades , competências a atingir e reconhecer nestas avaliações.
att/Rosany
É muito vago e fraco, ainda o que foi publicado. Infelizmente nas escolas não é priorizado o ensino da matemática, nem incentivado. Os professores com muitas demandas inclusive com a inclusão de alunos em diversas etapas de aprendizagens, deficiências e transtornos. A mentalidade dos familiares, principais responsáveis pelo apoio ao estudante, é deficitária nas prioridades do aluno. Ainda existe um pensamento geral de que “pra que estudar seu eu passo do mesmo jeito, é só apresentar um trabalho geral no final do ano e frequentar mais de 75% as aulas que eu passo de ano.” Existe muita burocracia para provar que o aluno não desenvolveu as habilidades necessárias para a reprovação, a maioria das escola não tem um plano definido de recuperação adequado para que o aluno possa desenvolver um aprendizado em matemática.
A prática para criança é necessária, pois ela não tem a experiência do que lhe apresentado nas provas textas de conhecimento.
Se o professor não tem domínio da própria aprendizagem como pode apresentar uma avaliação consciente da aprendizagem do seu aluno.
Há etapas em que a experiência vai contar muito.
Artigo muito bom, total sincronia com a realidade que vivemos. Parabéns!
muito bom o artigo
Precisamos de políticas públicas voltadas para o ensino de matemática. É preciso remunerar bem o professor para evitar que pessoas graduadas em matemática migrem para outros setores por conta dos salários. Hoje há cargos de nível médio que paga melhor que os de nível superior pago aos professores.
A educação avançou bastante e estaguinou em muitos aspectos, meu ponto de vista. Com as avaliações de fluência, precisamos de meios e métodos que avancem as metodologias de trabalhos dos professores. Métodos para fazerem os alunos avançarem na leitura. Se lêem bem, compreendem bem e subsequente serão bons e compreenderão todos os demais
componentes curriculares.
Perfeito. Políticas públicas que estejam direcionadas para a valorização e a formação continuada dos profissionais da educação, principalmente. no que tange à educação especial de alunos com deficiência. Uma questão fundamental trata-se de uma Avaliação Institucional após o investimento pedagógico dos profissionais da educação, pois jamais “sucatear” a educação com profissionais que não se comprometem e nem se capacitam para que desenvolvam uma prática profissional de qualidade, capazes de verdadeiramente, de transformarem o cenário educacional .
Como professora de ensino fundamental II, fico feliz com artigos como esse que demonstra a atenção necessária para pensarmos em soluções que corrijam e ajudem as escolas a cumprirem seu principal papel: desenvolver nossas crianças em seu potencial máximo.
Ressalta a importância do grande valor referencial do conteúdo que oferece conhecimento essencial ao aprendizado do educando, bem como na formação do educador, proporcionando competências e habilidades alinhados a BNCC. Precisamos atualizar os conhecimentos a cada momento para que estejamos integrados a outros saberes.
Se torna cada vez meus urgente a necessidade de reformular os moldes de avaliação externa. O que se apresenta nesse artigo é muito pertinente, outro ponto é acompanhar o gerenciamento dos municípios quanto ao preparo dos alunos para as provas. Algumas redes tem direcionado o trabalho apenas para os descritores contidas na avaliação, enxugando o currículo que é bem mais amplo do que as habilidades contidas na avaliação.