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O que o Brasil pode aprender com os Materiais Instrucionais de Alta Qualidade? – Artigo 4

Chegamos ao fim da série Materiais Instrucionais de Alta Qualidade: Uma evolução de material didático?. Caso você não tenha lido os artigos anteriores, veja a seguir quais foram os assuntos que cada um deles tratou.

  • No primeiro artigo, apresentamos as motivações do Instituto Reúna para a realização deste estudo.
  • O segundo artigo trouxe as principais diferenças nas políticas educacionais de materiais didáticos do Brasil e dos Estados Unidos para contextualizar os High- Quality Instructional Materials na realidade estadunidense.
  • Já no terceiro artigo trouxemos uma definição sobre os materiais instrucionais de alta qualidade e as características observadas neste estufo sobre eles.

Neste quarto e último artigo, buscamos elencar os principais aprendizados que o cenário brasileiro pode ter a partir desses achados.

Ao longo do estudo, fez-se evidente o papel dos Materiais Instrucionais de Alta Qualidade na implementação dos padrões de aprendizagem do Common Core, tanto por promover de maneira mais integrada uma visão coerente entre o currículo, o material, as avaliações e a formação docente dos professores para o uso quanto pelos resultados positivos desse uso nos contextos propícios. 

A maneira estes materiais estão estruturados podem apoiar ao: 

          i) estabelecerem o que deve ser aprendido e sua distribuição ao longo do ciclo formativo;

          ii) trazerem planos de aula que dão mais apoio à prática docente, dimensionando o tempo dedicado a aulas e atividades;

          iii) ofertarem avaliações com clareza de seus objetivos em conjunto com os materiais; e 

          iv) proverem informações e conteúdos aos professores de forma a promover sua formação.

Há também de se destacar que a disseminação e a propagação de seu uso faz parte de um esforço das redes estaduais implementadoras que promoveram ações que viabilizam a adoção e a avaliação desses materiais. No processo de adoção desses materiais nos EUA, sobressaem as ações de envolvimento dos professores na escolha e adoção dos materiais, na elaboração de instrumentos que refletem o que deve ser observado nos materiais, no incentivo a promover a adoção dos materiais e no monitoramento para acompanhar a efetividade dos materiais. Lembrando que, como consequências desse papel ativo das redes, está a familiarização dos professores com os padrões de aprendizagem, o que se faz de extrema importância, uma vez que a maioria dos desafios identificados na experiência estadunidense passa pela relação dos professores com os materiais instrucionais, ou seja, nas formas de uso e de percepção de qualidade e utilidade desses materiais. 

Entendemos que o esforço pela melhoria dos recursos didáticos é coletivo e complexo. Visando o convite à reflexão a partir dos aprendizados levantados neste estudo, apresentamos algumas recomendações para os atores nacionais envolvidos:

Para o Ministério da Educação (MEC) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por serem os responsáveis técnicos do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD):

  • Aprimorar os critérios de avaliação das obras didáticas de forma a promover um detalhamento maior sobre como as aprendizagens preconizadas pela BNCC devem ser trabalhadas, de maneira clara e concisa para os implementadores da política.
  • Aprimorar editais buscando garantir que as avaliações de aprendizagem nos materiais disponibilizados sejam mais robustas, assim como as formações docentes decorrentes.
  • Monitorar o uso dos materiais didáticos e sua efetividade para a aprendizagem, a fim de identificar as melhorias necessárias no atual modelo usado pelo PNLD.

Para o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), por atuarem em prol dos estados e municípios:

  • Mobilizar e incentivar as redes e secretarias a conduzirem o processo de escolha das obras didáticas de maneira estruturada, usando critérios claros e alinhados à BNCC;
  • Realizar ações de incentivo ao envolvimento de professores no processo de escolha das obras, utilizando os critérios mencionados no item anterior e, consequentemente, promovendo mais aproximação dos professores às mensagens-chave da BNCC.

Para as editoras, os autores e demais produtores de materiais didáticos:

  • Reestruturar os materiais didáticos a partir da dimensão curricular proposta pela BNCC e não adaptar os livros à normativa, de maneira a propor atividades que favoreçam o desenvolvimento de habilidades;
  • Oferecer estratégias de apoio a professores que tenham caráter formativo e que possam efetivamente poupar o tempo de preparação de aula.

Para o Reúna, como organização do Terceiro Setor que apoia na implementação da BNCC, a partir dos estudos, assumimos os compromissos de:

  • Atuar na construção do entendimento nacional do que é um material de alta qualidade, alinhado à BNCC. Nesse sentido, seguir pensando em iniciativas para criar rubricas e critérios avaliativos de materiais que podem ajudar as escolas no processo de escolha do PNLD são o campo que parece mais frutífero.
  • Apoiar redes e secretarias na busca pela coerência pedagógica sistêmica em suas ações, em um esforço coletivo pelo favorecimento do alinhamento à BNCC.

       Agradecemos por acompanhar essa série! Esperamos que as discussões em prol das melhorias possíveis dos nossos materiais didáticos sejam fomentadas por esses aprendizados. Estaremos sempre estudando e pesquisando inovações nesse cenário para que possamos experimentar alternativas para a melhoria das aprendizagens sempre buscando a coerência sistêmica pedagógica, ou seja, que o currículo, as práticas docentes, os materiais didáticos e as avaliações das aprendizagens conversem entre que si e, de fato, garantam os direitos de aprendizagem.

 

__________

¹ Em alguns estudos, em vez de “High Quality Instructional Materials”, utiliza-se a expressão “Standards-aligned Curriculum Materials” (materiais curriculares alinhados aos padrões). Optamos por usar primordialmente a tradução livre de Material Instrucional de Alta Qualidade para evitar que se confunda o papel do currículo e o que são esses materiais.

² O Common Core States Standards é o documento referencial curricular dos Estados Unidos que determina objetivos de aprendizado para Matemática e Língua Inglesa (Linguagens). Nele, é especificado o que os alunos devem estudar nessas disciplinas durante a educação básica. Nesta série, optamos por utilizar a tradução livre de “padrões de aprendizagem” ao nos referir aos “standards” desse documento. Existem também padrões para Ciências, descritos em outros instrumentos que não o Common Core. O equivalente a essa expressão no Brasil seria expectativas ou objetivos de aprendizagem. A BNCC tem uma organização por competências e habilidades; em um planejamento de livros ou de aula, elas podem ser desdobradas em expectativas de aprendizagem. Uma forma de fazer isso pode ser encontrada nas seguintes produções do Instituto Reúna, os Mapas de Foco e as Descrições de Aprendizagem do Avalia & Aprende.

³ O Reúna elaborou os Roteiros de Apoio à Análise das Obras Didáticas do PNLD para apoiar redes, secretarias e escolas no momento de escolha dos materiais didáticos.

 

Ficha Técnica da Série

APOIADOR

Fundação Lemann

REALIZAÇÃO

Instituto Reúna

Direção executiva

Katia Stocco Smole

Gerência pedagógica

Filomena Siqueira

Produção e Gerenciamento

Dija Santos

Fernanda Candido Gomes

Apoio no Gerenciamento 

Jonathan Moreira

Thiago Medeiros

Pesquisa Inicial

Vozes na Educação

Comunicação 

Ana Adaeze Ifeoma Diriks

Dija Santos

Vinicius Pinto

Revisão 

Beatriz Simões

Artes e Projeto Gráfico

Marthô Estudio Criativo

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